quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sakura Matsuri – O Jardim das Cerejeiras, do grupo Teatro Mimo



por Walmick Campos
Segue é um exercício de crítica e análise, onde apresento as impressões e sensações a mim transmitidas pelo espetáculo Sakura Matsuri – O Jardim das Cerejeiras, do grupo Teatro Mimo; encenado no dia 11 de outubro no SESC Emiliano Queiroz, dentro da programação do VII Festival de Teatro de Fortaleza.
Em O Jardim das Cerejeiras, Anton Tchekov, conta a história de uma família aristocrática que vive a perda de seus membros e a possibilidade de falência. A venda do grande cerejal da família é uma chance de salvação; mas não hipótese de fácil aceitação, devido ao grande valor sentimental que o envolve.
O espetáculo do Teatro Mimo é uma adaptação corpórea deste jardim, e mais me pareceu um sonho no qual fui inserido enquanto espectador. As imagens, os corpos, a influência Butoh, a luz e os sons me conduziram a isso. A pesquisa é forte e sensível, traz um jogo de oposições que domina a atmosfera. Como é um espetáculo que cresceu a partir do que antes era esquete, há uma diferença de afinação entre suas partes. O que certamente será resolvido ao passo que o espetáculo ganhe mais tempo de vida.
A direção é cuidadosa e muito feliz. Precisa de atenção para que o domínio da técnica não seja superior às sensações que o trabalho é capaz de proporcionar. Há momentos que a repetição de ações chega ao espectador como uma demonstração de habilidade; e não uma expressão sensível.
Os atores são ativos e entregues ao trabalho; porém, a qualidade da execução física possui diferenças. Compreensível, uma vez que os corpos são diferentes por natureza, é o que torna humano; mas a energia não deve ser diferente, como acontece em poucos momentos. Merecem destaque o trabalho de Felipe Abreu, Jonathan Pessoa e Tomaz de Aquino. Este último, presente apenas na cena de abertura do espetáculo, e que fascina o olhar do espectador com as formas propostas pelo seu corpo, sob uma luz que salienta sombras e deformidades. Deu vontade de que Tomaz estivesse em mais cenas; e dá a impressão de que isso não acontece em virtude do olhar externo dado por ele enquanto diretor.
A iluminação é linda, valoriza as imagens e traz um clima frio, mesmo com a utilização de cores quentes. No entanto desliza em algumas mudanças sem algo significativo. O figurino - corpos banhados por barro - é perfeito. A trilha é gostosa de ser ouvida, se encaixa lindamente com o que é visto; mas a letra cantada da última música incomoda. O instrumental e o silêncio são mais bem vindos.
Sakura Matsuri – O Jardim das Cerejeiras é um espetáculo muito bonito! Deixou-me com uma imagem onírica por muito tempo na cabeça: o fértil cerejal gritando de dor ao perder seus frutos, da mesma forma que uma mãe padece diante da morte de seus filhos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

O que é ou não é?


Curtir você é diferente de gostar de você,
Que não é o mesmo de estar a fim de você,
Que pode nem ser estar muito a fim de você,
Que passa longe de estar louco por você,
Que de fato não é estar apaixonado por você,
Que não é igual a amar você,
Que não implica, necessariamente, me relacionar com você.


p.s.: o que também não é odiar você.